Especialistas elogiam o sucesso “notável” do implante eletrônico na restauração da visão

 

Fotografia: Science Corporation / PA

Pesquisadores britânicos e internacionais alcançaram um avanço impressionante na medicina ocular: um implante eletrônico foi capaz de restaurar parcialmente a visão de pessoas que haviam perdido a capacidade de enxergar devido à degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma das principais causas de cegueira em todo o mundo.

O ensaio clínico, conduzido em seis países e envolvendo 38 pacientes, testou um minúsculo implante conhecido como PRIMA, desenvolvido pela empresa californiana Pixium Vision. O dispositivo, de apenas dois milímetros de largura — mais fino que um fio de cabelo —, foi colocado sob a retina e conectado por meio de óculos equipados com uma microcâmera.

Essa câmera capta imagens do ambiente e as converte em sinais elétricos, que o implante transmite diretamente para os neurônios visuais. O cérebro interpreta esses impulsos como padrões de luz e sombra, recuperando parte da função visual perdida.

Segundo o estudo publicado no New England Journal of Medicine, cerca de 84% dos participantes conseguiram voltar a reconhecer letras e números, e alguns deles até ler pequenas palavras e resolver palavras cruzadas. Pacientes que há anos viviam na escuridão relataram conseguir distinguir formas, rostos e objetos novamente.

Um dos exemplos mais marcantes é o de Sheila Irvine, britânica de 70 anos, que havia perdido por completo a visão central. “É como ver o mundo ressurgir aos poucos. Agora consigo ler e escrever novamente, algo que pensei nunca mais fazer”, afirmou emocionada.

O procedimento foi realizado no Hospital de Olhos Moorfields, em Londres, com colaboração da University College London (UCL). O oftalmologista Dr. Mahi Muqit, que liderou parte do projeto, descreveu os resultados como “notáveis e transformadores de vida”. Ele acrescentou: “Estamos entrando em uma nova era da visão artificial. Esses resultados mostram que é possível devolver funcionalidade a pessoas que já haviam perdido toda esperança”.

Os cientistas enfatizam que nenhum paciente apresentou piora da visão periférica — preservada em pessoas com DMRI —, o que indica que a integração entre o implante e o olho natural é segura. Com os dados promissores, os pesquisadores planejam submeter o dispositivo à aprovação para uso clínico regular no Reino Unido e em outros países nos próximos anos.

Caso aprovado, o PRIMA poderá representar uma nova fronteira terapêutica, oferecendo esperança a milhões de pessoas com degeneração macular e outras doenças oculares atualmente sem cura.

Os resultados do estudo são relatados no New England Journal of Medicine.

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